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Comissão da Alerj: crescimento do Ensino Superior à Distância compromete formação acadêmica

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Foto: Julia Passos | Texto: Nívea Souza 
A expansão do Ensino Superior à Distância (EAD) e a falta de investimentos na educação de unidades do governo nos últimos anos foram temas de debate na audiência pública realizada pelas Comissões de Educação e Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira (08/10) no auditório do prédio anexo ao Palácio Tiradentes. Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa, o deputado Waldeck Carneiro (PT) pontuou que a ampliação do EAD se deve a interesses de empresas privadas que colocam os benefícios à frente da formação acadêmica de qualidade.”É preocupante a expansão do ensino superior à distância na ótica mercadológica, sem a devida preocupação com a questão pedagógica”, alertou Waldeck.Presidente da Comissão de Educação, o deputado Flávio Serafini (PSOL) disse ser entusiasta do ensino superior presencial, principalmente diante de números alarmantes no país no que diz respeito à educação básica. Ainda de acordo com dados do Censo Escolar/ 2018, o Brasil tem cerca de dois milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos sem acesso a unidades de ensino.“Temos muitas crianças e adolescentes fora da escola. A realidade é dramática. Já em relação ao ensino superior, se nos compararmos com o Uruguai e a Argentina temos a metade de ingressantes em relação a esses países. Acredito que a educação à distância pode exercer um papel complementar mas deve ser acompanhada para não abrir oportunidade para uma expansão menos qualificada”, ressaltou Serafini.Ele propôs a criação de um grupo de trabalho do legislativo para contribuir com o potencial transformador da Educação. “E vamos convidar o Cecierj (Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro) para superar essa realidade”, salientou o parlamentar.EAD triplica entre 2008 e 2018Em 10 anos, segundo o Censo do Ensino Superior/2018, do Ministério da Educação, o número de matrículas na educação superior a distância triplicou no Brasil. “De 2008 a 2018, a educação superior à distância aumentou o número de ingressantes de 20 para 60%. Eram 463 mil alunos e, atualmente, há 1,373 milhão de alunos. Contrariamente, a educação presencial diminuiu 13% neste período”, informou Waldeck.Presente ao debate, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Bielchowski, apresentou um gráfico com dados que demonstram a estagnação das matrículas do ensino superior público a partir de 2014 no Brasil. “Ficaram em torno de 24,7% nos últimos cinco anos. Metade das matrículas no ensino superior do país está nas mãos de 12 grupos privados que controlam 261 universidades”, afirmou Carlos.Também participaram da audiência pública os deputados Renan Ferreirinha (PSB), integrante das duas comissões, e Sérgio Fernandes (PDT), além de representantes de sindicatos ligados à área de educação e da professora Marilvia de Alencar, da fundação Cecierj.