COLUNA: EFEITO BORBOLETA

A AMÉRICA PARA OS AMERICANOS

Minhas preocupações com a vitória de Donald Trump são profundas.

Embora ouça muitas pessoas dizerem que não esquentarão a cabeça com a hecatombe norte-americana, não consigo olhar para essa situação inusitada com todo esse descaso.

Tenho certeza que o “pau que bate em João, fatalmente baterá em Francisco”, e por isso, já estou aguardando a cacetada que vem por aí.

A derrota de Hillary Clinton, em si, não me aborrece, pois não tenho apreço especial a ela ou quem quer que fosse o adversário de Trump. Mas a vitória dele é uma preocupação mundial.

Para a maior nação do planeta, visada por todos e principalmente pelos terroristas, ter no controle da Casa Branca um milionário do ramo da construção civil, excêntrico e que faliu mais de uma vez. Que deu calotes em sócios, como no caso do grandioso Cassino que construiu, e nos próprios cofres do país, com sonegações, deveria ser um motivo de desconfiança. Sem contar que entre seus atributos estão a xenofobia, o racismo, a homofobia, o machismo, a intolerância religiosa, o descaso com as questões ambientais, entre outras peculiaridades. Por fim, na atual circunstância mundial, pregar a violência e não a paz e a harmonia entre os povos é no mínimo, muito preocupante. Não acham? Devido a tudo isso, podemos sofrer um retrocesso mundial nas conquistas libertárias e da consciência humana.

Trump representa a vitória do conservadorismo e da perseguição, e vemos com essa vitória, embora Hillary tenha ganhado no voto popular, que a nação norte-americana está voltada para si mesma e para seus anseios pessoais.

Não entendem ou desprezam a mão de obra estrangeira que sustenta, até hoje, a engrenagem do país, desde os negros que carregaram com seu trabalho os fardos das colheitas das fazendas algodoeiras do sul dos Estados Unidos e que depois foram jogados nos guetos, segregados.

Mostram com isso, que mesmo reconhecendo o carisma de Obama e sua família, não engoliram as danças africanas exibidas pelo primeiro presidente negro dos Estados Unidos, dentro da Casa Branca, mostradas ao mundo.

Repelem os latinos e talvez desejem uma nova política do Big Stick, que permitia a intervenção militar na América Latina. Por isso, Donald Trump venceu, porque ele e os Republicanos dos Bush, representam a arrogância norte–americana, propalada desde a Doutrina Monroe, no século XIX, que conclamava A América para os Americanos, mas que na verdade tinha um cunho colonizador e explorador. Ou mesmo o sonho de grandeza do início do século XX, tipificado no American Way Of Life, que exportava o modo de vida norte-americano e que os levou a ruína na Crise Capitalista de 1929.

O milionário Donald Trump representa tudo isso e não é por menos que a Ku Klux Klan, organização racista criada após a abolição, esteja tomando corpo e força novamente.

Estou perplexo.

Lembremos que a maior nação capitalista interfere em todas as outras, principalmente em países como os da América Latina. Se o Brasil está ruim, é bem provável que ele fique bem pior com a eleição de Trump.

Precisamos nos preparar para isso, pois nossos políticos conservadores poderão sentir-se envolvidos por esse exemplo e acharem que o melhor caminho é seguir os passos da intransigência, já que, ao final da eleição de 2014, conservadores pregaram a “elevação de um muro”, dividindo o nordeste do restante o país. Donald Trump também deseja levantar seus muros. Quem sabe não veremos lá ou aqui, no Brasil, a construção de uma nova versão do Muro da Vergonha, título recebido pelo Muro de Berlim, construído durante a Guerra Fria e derrubado em 1989.

Por isso, que há momentos que soluções aparentemente radicais precisam ser tomadas para resolverem certos dilemas.

Mesmo que elas sejam assustadoras e repelidas por alguns, sentimos um desejo profundo de agirmos com maior veemência diante de certos fatos.

Estamos vivendo um período de infâmia no país. A premência cada vez mais forte da instalação de uma ditadura conservadora.

A classe política há muito, já não mais representa o cuidado e a preservação do bem-estar do trabalhador brasileiro.

Estamos sendo, em todas as esferas de poder, aviltantemente atacados em nossos direitos.

As leis não nos garantem mais.

Tornaram-se flutuantes e manipuladas ao bel prazer dos bandidos consentidos pela nação através dos nossos votos. Aqueles a quem concedemos o poder para nos roubar.

As propostas de leis são acintosas e claramente usurpadoras dos nossos ganhos, já tão defasados e incipientes.

Como dragões da maldade, se avolumam contra nós, estimulados pelo descaso da justiça, num coorporativismo torpe, que assalta nossos bolsos.

O trabalhador que se rebela é tratado com violência por aqueles que receberam nossos votos para cuidarem dos nossos direitos. Mas que ao contrário, nos roubam em plena luz do dia, anunciando o ataque em rede Nacional, por intermédio da mídia comprada, em benefício próprio e dos que já enriqueceram através da exploração do trabalho de outrem.

Estamos presenciando no estado do Rio a maior tentativa de roubo ao bolso do trabalhador, já visto na história. Os cofres do estado foram sucateados, ao longo de mais de uma década.

Os roubos e as vantagens concedidas aos grandes empresários em isenções fiscais fabulosas, além de salários torpes e comissões vultosas, quebraram o estado.

Agora, esses mesmos ladrões, na cara dura, apresentam um pacote de maldades.
Almejam impor ao servidor público, que estudou, prestou seu concurso e trabalha dignamente, o ônus do prejuízo.

Lembremos também dos aposentados e pensionistas, que terão descontos para repor o caixa da previdência, já paga por eles durante anos de trabalho. Previdência que foi roubada por essa gangue de políticos corruptos.

Quanto ao restante da população, reconhecida como vivendo abaixo da linha da pobreza, perderão o direito aos programas de assistência social, como o aluguel social, o bilhete único, os restaurantes populares, etc.

Já que Paris, Londes, NY e não a cadeia, tornaram-se  o destino desses ladrões, lutemos pelos nossos direitos.

Que paus e pedras sejam erguidos de nossas mãos, para em conjunto, derrubarmos as nossas bastilhas – palácios e centros legislativos -, bem como tomarmos os títulos das propriedades de terra concentradas nas mãos dos latifundiários, assim como fizeram os heróis franceses em 1789.

A Nação Brasileira é do povo e não da corja de miseráveis que a roubam.

Avante.

Lutemos para que todos sejam punidos.

Assim se faz uma verdadeira revolução.