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Gravação de telefonema entre Lula e Dilma repercute entre deputados

Líderes e deputados da oposição e do governo defenderam suas versões sobre a gravação divulgada do telefonema entre a presidente da República, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acerca da sua nomeação como ministro da Casa Civil.

A oposição pede a renúncia da presidente pelo que classifica de “obstrução da Justiça”. Já os governistas afirmam que a divulgação da gravação não poderia ocorrer e que a nomeação é legal.

Para o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA), a presidente não tem outro caminho senão a renúncia. “Hoje, o Brasil, estarrecido, ouviu a presidente Dilma Rousseff em diálogo com o ex-presidente Lula tentando obstruir a Justiça. Não tem outro caminho senão a renúncia imediata da presidente da República”, afirmou.

No mesmo sentido, o líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), adiantou que pedirá a interdição da presidente da República na Justiça. “A casa caiu. Vamos pedir sua interdição, vamos pedir na Justiça federal voz de prisão ao presidente Lula”, disse.

Processo legal
Segundo o líder do PT, deputado Afonso Florence (BA), o telefonema entre Dilma e Lula mostra apenas a comunicação de um “ato meramente administrativo da publicação, em edição extra do Diário Oficial, da nomeação do ex-presidente Lula e dos outros ministros”.

Florence criticou o ânimo exaltado da oposição e pediu respeito às pessoas e ao processo legal. “Nessa hora, peço serenidade, respeito ao devido processo legal e condução dessa situação com paz social”, afirmou.

Suspeição
Para o deputado Pepe Vargas (PT-RS), os argumentos da oposição de obstrução da Justiça “partem de uma premissa que é falsa, de que prerrogativa de foro é privilégio”.

Ele exemplificou seu ponto de vista citando o caminho inverso, de parlamentares que renunciam para abrir mão do foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) porque não há grau de recurso. “Isso ocorreu com o ex-deputado Eduardo Azeredo [PSDB-MG]”, afirmou Vargas. Azeredo é acusado de participação no mensalão tucano que teria começado em seu governo em Minas Gerais.

Pepe Vargas também argumentou que alegar obstrução da Justiça é “colocar o Supremo em suspeição, o que é um absurdo, como se ele fosse arquivar qualquer processo e como se houvesse apenas um juiz na face da Terra com honestidade, integridade e imparcialidade para julgar o que quer que seja”.

Foro privilegiado
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) considerou um abuso do juiz Sérgio Moro a divulgação da gravação do telefonema com a presidente Dilma Rousseff. “O contato telefônico interceptado de qualquer cidadão sob investigação com uma autoridade com foro privilegiado deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal porque a Constituição determina que isso tem de ser investigado pelo Supremo”, afirmou.

Pimenta pede que o juiz Sérgio Moro seja responsabilizado por essa divulgação por ela ter sido feita fora do contexto.

“O papel que setores militares tiveram no golpe de Estado de 1964 está sendo cumprido hoje por este setor da burocracia do Estado, mais uma vez ligado a setores dos meios de comunicação, que estão certamente dando sustentação para esses atos de fragilização da democracia para produzir um golpe institucional nesse país”, afirmou.

Pedido de prisão
Na visão do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), o Brasil vive um momento histórico em razão das conversas divulgadas pela Polícia Federal e pelo juiz Sérgio Moro. “Foi revelada uma trama da presidente da República e de um ex-presidente da República para obstruir a Justiça”, disse.

Mendonça Filho pediu a prisão do ex-presidente e a renúncia de Dilma Rousseff. “Espero que amanhã a PF esteja na porta do apartamento do ex-presidente Lula para levá-lo à prisão porque, literalmente, o que se assistiu foi obstrução plena da Justiça em uma operação comandada pela presidente Dilma para colocar por baixo do tapete uma cena de um crime que está sendo perpetrado contra o povo brasileiro”, afirmou.

Pá de cal
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que o anúncio do ex-presidente Lula para ministro da Casa Civil é a “pá de cal” no governo da presidente Dilma. Para ele, a população não pode mais tolerar o que está acontecendo “e o País não pode mais ficar na mão dessa gente, que não merece outro lugar senão a prisão”.

Quanto ao áudio divulgado pelo juiz Sérgio Moro, Bueno interpretou que a conversa “mostra como tratam a Justiça, os ministros indicados para os tribunais superiores, a Polícia Federal e o Ministério Público”.

Segundo o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o fato de a gravação revelar que o documento era para “ser usado em caso de necessidade” prova que a nomeação é uma obstrução da Justiça. “É uma ingenuidade dizer que foi apenas um ato de posse. A posse seria semana que vem, isso é obstrução à Justiça. O Supremo Tribunal Federal só tem um caminho, que é impedir a posse e abrir um processo contra a presidente por obstrução da Justiça”, defendeu.